Restaurante com pé-direito duplo, tijolinhos e ladrilho hidráulico

27 out, 2023 | Comerciais, Acima de 200 m2, Cidade

Fotos: Alexandre Disaro / Divulgação

Escritório: Memola Estúdio

Área: 620m²

Local: Iguatemi Alphaville Shopping, Barueri

Ano: 2022

A fim de interpretar a história de uma cozinha reconhecida por sua boa qualidade, os arquitetos do Memola Estúdio toparam o desafio de repaginar por completo os 620m² do restaurante de comida caseira A Camponesa.

Com uma localização privilegiada no Iguatemi Alphaville Shopping, a intenção do projeto foi resgatar as origens dos clientes, que começaram como uma lanchonete em 1998 na beira da Rodovia Castelo Branco em Pardinho, interior de São Paulo, e traduzir por meio da arquitetura sua cozinha genuína e para toda a família.

“Os eixos conceituais do projeto giram em torno do ideário de comida caseira, interiorana, feita com ingredientes de boa qualidade e com a simplicidade à serviço da excelência, traduzido arquitetonicamente na paleta cromática onde sobressai o vermelho em tonalidades terrosa e carmim, bem como no predomínio de materiais naturais, como a madeira e o tijolo aparente.”

O piso do novo restaurante assume papel estratégico por causa da sua longa extensão e visibilidade, revestido com cerâmica quadrada vermelha em todo o salão do público. Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

As paredes pré-existentes do local foram demolidas e deram origem à planta em L do restaurante, contornando a cozinha e os espaços dos funcionários. Além disso, uma sala de espera conectada ao shopping através de uma caixilharia de madeira e vidro com porta de correr cria um ambiente intimista e aconchegante.

“O ladrilho hidráulico aplicado na fachada deste ambiente de ingresso se assemelha em forma e cor à cerâmica do piso, embora com textura diversa, e sobre ele foi pintado o logotipo da marca em uma releitura, em escala reduzida, da grande placa que sinaliza o restaurante na estrada. O conjunto permite a ampla visualização dos interiores mas tem estética que remete às casas de fazenda, modulado em quadros envidraçados, à meia altura, e com tela perfurada, ao alto. Além de elemento de identidade do Camponesa, trata-se complementarmente de uma menção à cultura popular de sinalização de estabelecimentos comerciais com tal técnica.”

Fachada com ladrilho hidráulico e caixilharia de madeira e vidro com porta de correr com o logo do A Camponesa. Foto: Alexandre Disaro / Divulgação

Em contraposição ao piso vermelho, o teto exerce uma função de visualização secundária, a não ser pelo trecho próximo à entrada onde o pé-direito duplo é interrompido pelo mezanino. Nesta parte, o teto recobre o volume suspenso com tábuas de madeira de demolição, reforçando a sensação intimista do restaurante.

Já no salão principal, revestimentos que remetem à paleta de cores do projeto ajustam a grande dimensão do espaço a uma decoração acolhedora. Eles também demarcam os sofás fixos com faixas a meia altura, inspiradas nas tradicionais casas de fazenda. No mobiliário, muitas peças e objetos de garimpo.

A meia parede em carmim cria clima intimista, com mesas e cadeiras únicas e garimpadas. Fotos: Alexandre Disaro / Divulgação

As novas paredes que delimitam o espaço da grande cozinha foram feitas em drywall e revestidas com tijolinhos aparentes. O bar, que tem protagonismo nos interiores, é o contato do público com os bastidores do restaurante.

“Se a cozinha é apartada do público, ele (o bar) é o ponto de contato com bastidores do restaurante, e a sua grande dimensão ao mesmo tempo enfatiza a frequência familiar e de grupos e é enfatizada pela linearidade do balcão, das suas molduras de madeira e pelas reflexões da luz no azulejo branco e brilhante. As cadeiras, enfim, à semelhança do piso vermelho, são elementos visuais integradores, havendo dois tipos de assentos móveis.”