Memórias Reinterpretadas
24 mar, 2014 |
O apartamento na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, é definitivamente paulistano, mas o morador, o arquiteto baiano Ricardo Abreu Borges, fez questão de incluir no projeto elementos que remetem à sua infância e ao colorido da terrinha. Essas referências, no entanto, não aparecem de uma maneira óbvia e sem imaginação.
Entre as linhas retas e contemporâneas dos móveis e da arquitetura do duplex de 72m², há um resgate histórico e pessoal feito de maneira sutil e bem pensada. Nas esculturas assinadas pelo artista plástico Israel Macedo, por exemplo, encontramos mandacarus estilizados em tons alegres. E as cores aparecem novamente na marcenaria desenhada pelo proprietário e em objetos pontuais.
NO APÊ PAULISTANO, AS REFERÊNCIAS À BAHIA, TERRA NATAL DO MORADOR, APARECEM DE FORMA SUTIL
O living, que tem pé-direito duplo, não é gigantesco, mas funciona como o "coração da casa", já que agrega diferentes funções. Ali é possível assistir à televisão, receber os amigos e tocar piano — uma das grandes paixões do arquiteto. As paredes pintadas de cinza escuro formam um pano de fundo para obras de arte colecionadas ao longo da vida. Um painel branco em gesso com iluminação embutida foi criado para explorar a verticalidade do cômodo, trazendo uma sensação de amplitude.
Móveis e luminárias também foram selecionados com o mesmo critério que as esculturas e telas. Um dos destaques é a poltrona Pantosh, criação do estúdio carioca Lattoog, que reinterpreta dois clássicos do design mundial: a cadeira Panton, idealizada nos anos 60 por Verner Panton, e a poltrona Willow, de Charles Mackintosh. Em uma das paredes da sala, fotografias antigas em preto e branco garimpadas do acervo familiar de Ricardo reforçam a valorização das memórias pessoais. Desse jeito, é impossível não se sentir bem recebido, como se estivesse desembarcando na Bahia.
Fotos por Marcelo Magnani
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