Evelyn Müller
29 out, 2010 |
Por mais avançadas que sejam as tecnologias atuais, a fotografia ainda é essencialmente um trabalho humano. E o feeling fotográfico é para poucos. A fotógrafa Evelyn Müller tem todo esse dom. Especialista em décor e arquitetura, ela nos contou um pouco sobre seu trabalho e inpirações. Obs: provavelmente você já viu muitas fotos dela nas melhores revistas brasileiras sobre o assunto. Depois de ler, vale conhecer o site dela aqui.
CV- No seu site há uma frase linda do Ansel Adams que traduz um pouco a influência do olhar e da vida do fotógrafo no ato de fotografar, vimos lá também que sua formação é em publicidade. Olhando para trás quais influências e experiências mais pontuam suas fotos?
EM- Desde pequena recortava fotos e guardava numa caixa, as imagens não tinham um tema especifico, eram escolhidas pela beleza da composição e da luz. Lembro que no jornal saiam cadernos especiais com fotos, e quando saiu Sebastião Salgado me apaixonei. Na faculdade tive contato com muitos textos, descobri músicos alternativos (Laurie Anderson, Philip Glass, Sugar Cubes), o cinema alternativo e o mundo foi se abrindo. Comprei minha 1ª câmera, uma Pentax K1000 e comecei sem querer, sem saber. Fiz eventos, personagens, gastronomia, turismo e paisagismo, aprendendo e experimentando. Isso tudo me moldou e direcionou meu olhar. A fotografia de interiores, de arquitetura e de paisagismo deve seduzir, incitar o espectador a estar naquele local, transmitir sensações, sugerir. O meu desafio é sempre deixar espaço para a imaginação, convidar o espectador a entrar na foto. CV – Seu portfólio tem casas de diversos estilos. Como treinar o olhar para reconhecer o potencial de ambientes aparentemente corriqueiros? EM -Nem todas as casas que fotografo são incríveis, mas sempre procuro algo que me chame atenção, como peças usadas de um modo novo, composições interessantes de objetos, e principalmente detalhes, pormenores. É como se voltasse no tempo e novamente recortasse, só que agora de um momento real, algo para ser olhado em destaque. Além disso, trabalho quase sempre com produtores, trocando idéias e enriquecendo o trabalho, onde cada um faz sua parte a fim de alcançar um resultado desejado. CV- Já que vc lida diariamente com arquitetura e decoração há um estilo que mais te agrade? EM– O que mais gosto numa casa é sua alma, quando na mescla de objetos e móveis usados um pouco da história da pessoa, seus gostos, interesses. Independente de ser clássico, contemporâneo, retrô, oriental, o morador tem que estar presente na decoração, deixar seus sinais. Do contrário a casa vira um cenário. Deveríamos mudar a forma de ver a casa como algo finalizado e imutável, deixar um pouco de lado a perfeição e procurar o conforto e bem estar, interagir com os espaços, colocar alma em nossas casas. A fotografia me possibilita entrar nestes mini mundos e satisfaz minha vontade de ter várias casas, cada uma com estilos diferentes. Casas contemporâneas com linhas retas e limpas, as modernistas de concreto, orgânicas, as casinhas de vila – fofas e miúdas – os lofts amplos, de estilo industrial, tudo isso me agrada muito. É como um jardim, exuberância e rebeldia dos tropical são maravilhosas, mas o clássico francês todo recortado e simétrico me encanta. CV: Quais arquitetos e/ou decoradores convidaria para desenhar sua casa? EM: Aqui no Brasil existem muitos profissionais consagrados que eu gosto como Marcelo Rosenbaum, Marcio Kogan, Isay Weinfeld, Bernardes & Jacobsen e uma nova leva de profissionais que propõe um novo jeito de morar, como Guto Requena, Triptique, Alan Chu e outros. CV- Em quais fontes bebe? EM– Gosto de experimentar novos olhares, gosto do desafio. Quando você trabalha muito tempo com uma coisa precisa estar atento para seu olhar não se viciar em "fórmulas" e acabar repetindo sempre a mesma foto. Me alimento de imagens. Museus, cinema, pintura, escultura, fotografias, livros, revistas, blogs, sites, tudo é referencia e conteúdo. Sites que eu gosto de ver: Renzopiano, Cool Hunter, Yatzer, Suppose, Dezeen, Joon jung, The Selby, Vewd, Inmotion, Flak Photo. Amo as fotos de Cartier Bresson, as cores de Steve Mc Curry, os móbiles de Calder, a Art Nouveau, o prédio do Museu Iberê Camargo, o MOMA, as formas e cores dos prédios do Artacho Jurado. Filmes que são um delírio visual: Sonhos, Herói, Single Man.
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