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Apartamento reformado no Copan que evidencia características originais | Open House com André Scarpa

Fotos: André Scarpa/ Divulgação

Este apartamento bem iluminado foi pensado pelo arquiteto e fotógrafo de arquitetura André Scarpa em parceria com Rosário Pinho para um casal de amigos. O imóvel tem 170m², fica localizado no Edifício Copan, em São Paulo, e foi completamente reformado para criar ambientes integrados, segundo às necessidades dos moradores.

Mas por mais que os espaços tenham sido repensados significativamente, a intervenção proposta teve como um de seus pilares mais importantes evidenciar – e em alguns aspectos, recuperar – elementos originais propostos por Niemeyer e Carlos Lemos no projeto original. Ao mesmo tempo, André se preocupou em atualizar os espaços pensando em um uso mais contemporâneo e que se adequasse ao dia a dia do casal. No canal você confere a tour completa com o André por este apartamento, e aqui no blog uma conversa com o arquiteto contando algumas curiosidades sobre o projeto.

Aperta o PLAY pra conferir mais detalhes:

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Casa de Valentina: Como era o apartamento antes da reforma?

André Scarpa: O apartamento, localizado no bloco D do Copan, preservava a planta original projetada para uma das curvas do edifício. Por se tratar de um andar baixo, as principais paredes (radiais) são de concreto e estruturais. As paredes em alvenaria eram poucas e foram todas demolidas. A organização trazia uma clara divisão de funções, sendo a cozinha um corredor de conexão entre área social e dependências de serviço. A sala e dois dos quartos tinham como limite a emblemática fachada de brises, enquanto o terceiro quarto obtinha iluminação através de uma janela menor voltada para a área de serviço na fachada sul. Nesse espaço os cobogós e a ventilação haviam sido barrados por um peitoril e janelas de alumínio colocadas pelos proprietários anteriores.”

C.V: Qual era a ideia da reforma?

André Scarpa: “A intervenção proposta apresentou duas frentes: evidenciar (e por vezes recuperar) elementos originais propostos por Niemeyer e Carlos Lemos e atualizar os espaços para o uso contemporâneo de seus novos moradores.”

C.V: Nessa linha, quais foram as principais modificações no apartamento?

André Scarpa: “Os cobogós voltaram a ser abertos e uma nova fachada foi criada. Definiu-se um plano de portas camarão de serralheria e vidro que permitiu que a cozinha, um dos quartos e um novo corredor se abrissem para a varanda que passou a ocupar a antiga área de serviço. Esse corredor configurou-se a partir da eliminação do quarto de serviço e da reorganização do banho maior, a fim de promover uma conexão mais fluida de todos os ambientes. Uma parede de tijolos de vidro delimita a área molhada e traz luz natural tanto para o banho maior quanto para o banho menor. Já as paredes de alvenaria entre os quartos e o corredor original deram lugar a um volume de marcenaria que integra rouparia, duas portas pivotantes e armários para os quartos. Além disso, a cozinha linear avançou sobre a área social, ocupando parte do hall, que passou a ter uma escala mais controlada. E o fechamento com três painéis de serralheria e vidro pontilhado permite escolher o grau de abertura que se quer para a sala.”

C.V: O que pode ser ressaltado a respeito dos materiais utilizados?

André Scarpa: Os painéis de madeira, tijolos de vidro e a pedra utilizada nas bancadas e paredes reverberam soluções de acabamentos presentes na arquitetura residencial de Niemeyer. As áreas molhadas receberam granilite semelhante ao da galeria do térreo do edifício, e os tacos de demolição em peroba rosa completaram as restantes áreas, dando continuidade aos trechos ainda preservados que se encontravam nos quartos.”

C.V: Como foi feita a escolha das principais cores?

André Scarpa: “Grande parte das cores do apartamento vem das cores dos próprios materiais, como o cinza dos trechos de concreto que revelam a própria estrutura, os tons de madeira do piso recuperado de taco de peroba rosa e das marcenarias em curupixá e jequitibá. O próprio edifício também inspirou as cores do granilite das áreas molhadas, feito para ser próximo ao granilite original das áreas comuns do prédio. O grafite presente nos caixilhos da galeria comercial também foi utilizado para todas as serralherias do apartamento. Intervenções de cor mais pontuais acabaram por vir do mobiliário da cozinha e dos banhos, feitos de aço pintado, onde escolhemos um tom azul escuro para a cozinha e verde menta para os banhos e lavanderia.”

C.V: Itens de valor simbólico foram usados na decoração?

André Scarpa: “Sim. Por se tratar do primeiro apartamento dos clientes, eles foram muito cuidadosos com tudo que levaram para lá. Sempre esteve nos planos ter poucas peças que fossem essenciais para o uso do espaço, mas sem perder a sensação de amplitude. Considero que os itens principais sejam: a mesa de jantar em aço carbono, desenhada sob medida por Rodrigo Edelstein da EDEL-STEIN; as poltronas desenhadas por Carlo Hauner, adquiridas da coleção de Ana e Jorge Kaufmann; o conjunto e mesas laterais dos anos 60 do acervo do cliente restaurados por Eric Ensser e as mesas de cabeceira Iara, desenho de Sergio Rodrigues, também do acervo do cliente.”

C.V: Qual é o maior destaque do projeto?

André Scarpa: Acredito que está na conexão dos ambientes, que proporcionou uma circulação contínua por todo o apartamento, tornando o espaço mais fluido, e trazendo a sensação de amplitude.”

C.V: Como o estilo de trabalho do escritório se reflete neste apartamento?

André Scarpa: “Nosso escritório está sempre interessado em reconhecer e potencializar as qualidades do espaço onde intervimos, para assim conseguir atender às necessidades dos moradores, mas sem negar as ideias importantes do projeto original. Esse equilíbrio nos interessa não só no âmbito de projeto, mas é uma forma de valorizarmos o patrimônio construído e o atualizarmos com cuidado e de forma sustentável. As escolhas no projeto do Copan tem a ver com a utilização das boas soluções presentes no edifício e uma adaptação às formas de morar dos dias de hoje.”

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