Nasci e cresci na beira de praia, e os três meses de férias eram sempre passados a um quarteirão de casa – da areia para o mar, do mar para a areia. A família, com três filhos de idades próximas, não tinha casa fora e nem dinheiro para viagens para um resort ou para alugar uma casa de campo. O meu contato com o verde era praticamente zero, tirando algumas palmeiras ao longo do calçadão e a vegetação que cobre o Morro Dois Irmãos.
Foi só aos 20 e poucos anos de idade que vim a descobrir a magia das plantas. Morava na Inglaterra nessa época, era março, e ao andar ao longo da Universidade de Londres, dei de cara com uma árvore grande, tomada de flores em tons de branco e rosa, lindíssima. Fiquei extasiada! Foi quase uma experiência mística! Descobri que era uma magnólia (Magnolia soulangeana), e jurei para mim mesma que, no dia que tivesse uma casa, plantaria uma magnólia no meu jardim…
Essa experiência me levou a passar muitos anos estudando e aprendendo sobre plantas, jardinagem, marcando ponto em chácaras nos fins de semana, dando pitaco nos jardins de amigos – mas como hobby, porque eu já tinha uma profissão.
Seis meses depois de descobrir a magnólia, surgiu a oportunidade de comprarmos uma casa com um jardim na frente, com sol – perfeito para a minha árvore! – e um outro pequeno atrás, com meia-sombra, sem gramado ou planta alguma, apenas com uma velha pereira. Na primeira semana já plantei minha pequenina muda de magnólia.
Nos meses seguintes me dediquei ao jardim de trás, estudando tudo sobre jardins de meia-sombra, solo, como plantar grama (sementes, porque mais barato…) etc. Para isso, fui à melhor livraria na época comprar um livro e, depois de analisar vários, escolhi The Small Garden, de um tal de John Brookes – claro que eu não o conhecia, era um mundo novo para mim… Virou a minha bíblia, e foi com essa ajuda que criei meu primeiro jardim 35 anos atrás, de forma um tanto amadora, mas com direito a gramado, canteiros, plantas que dariam uma cor ao jardim mesmo no inverno, trepadeiras (Clematis; roseira trepadeira), frutífera (loganberry, um híbrido de framboesa com amora) e, como não poderia faltar na casa de uma brasileira, uma rede… Foi o início do que, 20 anos depois, viria a ser minha segunda profissão.
Sou muito grata à magnólia, tenho uma relação especial com ela, e cada vez que a vejo em flor, me emociono, revivo o nosso primeiro encontro, as sementes que esse encontro plantou no meu caminho, e o reencontro, muitos anos depois, através do paisagismo, com esse meu primeiro grande amor verde…
Que linda sua história minha amiga e parabéns pelo seu sucesso !!! Adorei seu texto.
Bjs
Nós também adoramos!
Fico muito feliz com isso, Casa de Valentina!
Obrigada, Juliana!
É! O acaso não existe nessa vida!
Pois é, uma árvore traçou um destino…
Linda e emocionante a sua história Me deparei com uma Magnólia,também florida, no Convento de Santo Antônio em Pádova Frondosa e bela, lá estava ela.Parabéns para vc e pra Magnólia!!!!!
Meo Deus.. hoje me deparei com ela. Estava dando uma volta pelos bairros da cidade pra aliviar tensão qdo me chama muito atenção uma árvore tão linda mas tão linda de tirar o fôlego admirando. Tão logo agora fiquei sabendo o nome desse esplendor chamado Magnólia. Aí fui pesquisar e parei aqui e me identifiquei muito com o texto o qual relata o site Casa de Valentina.
Muito bacana a sua história!
Adorei saber da sua história Vitoria!! Ela se dá bem no Brasil? Beijos, Vivi