Heranças, achados e significados. O lar da arquiteta Patrícia Fernandes tem um pouquinho de cada. Localizada no bairro Jardim Paulista, a casa construída em 1940 sobreviveu ao tempo, às mudanças e aos prédios erguidos ao seu redor. Já acolheu famílias e empresas, e sua planta foi sendo adaptada com o passar dos anos. No entanto, quando Patrícia herdou o imóvel do pai, decidiu que exploraria ao máximo suas características originais, preservando a história da estrutura ao expor os tijolos, vigas de madeira e o lindo telhado: “Mantive até mesmo umas pecinhas de louça da parte elétrica!”, comenta.
COM AMBIENTES INTEGRADOS, O IMÓVEL TEM LAYOUT DE LOFT E ARES DE CASA DO INTERIOR.
Além do charme da casa antiga, Patrícia se encantou também pela região. “É um lugar extremamente provinciano, apesar de parecer sofisticado. É aquele bairro que você anda, conhece um monte de gente e cumprimenta as pessoas pelo caminho. Eu adoro! Não saio daqui por nada!”, conta. Assim, as caminhadas pelas ruas tranquilas na companhia do seu cão servem, ao mesmo tempo, como momento de lazer e realização de tarefas cotidianas: “Tudo o que eu preciso eu faço em uma distância de cinco quadras. Eu não uso carro para nada!”, complementa.
A residência, originalmente distribuída em dois pavimentos, cedeu o primeiro andar para uma galeria. Esse mesmo espaço abrigava antigamente a loja da Patrícia, que também recebia eventuais mostras de artistas contemporâneos. A arquiteta transformou os 100 m² do andar de cima em seu mundinho particular – ou “cafofo fofo”, como gosta de chamá-lo. Os ambientes foram compostos com pequenos objetos de valor sentimental dispostos ao lado de obras de artistas que expunham em sua loja. A cada canto nos deparamos com uma coleção diferente, que a moradora afirma acontecer de forma acidental: “Não é que eu coleciono… As coleções aparecem na minha vida! De repente eu coloco tudo junto”, brinca.
A decoração dos cômodos aconteceu de forma natural, mas até hoje não foi finalizada. Isso porque Patrícia acredita que este deve ser um processo contínuo e afetivo, indo de encontro com os seus momentos e com a sua história de vida. “Eu não paro! Sempre garimpo uma coisinha nova, às vezes eu me desfaço de uma peça para colocar outra, mas pouco do que tenho aqui foi comprado. Grande parte dos móveis eu adquiri com os meus pais, meus parentes… São pequenas heranças amorosas”, explica.
Dentre essas relíquias familiares, a moradora destaca uma em especial: um quadro que retrata uma paisagem campestre no estilo naïf. Sua tia estava muito doente e, para bancar as despesas médicas, era preciso alugar o seu apartamento. Assim, cada sobrinha teve a chance de escolher um de seus pertences como lembrança: “Encontrei um monte de quadros e gostei de um que ninguém queria, e que provavelmente iria para o lixo”. Quando foi enquadrá-lo, veio a surpresa: era uma obra do pintor J. Dutra – que passou a ser o seu maior achado!
Que delícia de lar, cheio de história para contar, né? Mas antes de espiar mais fotos na galeria, dê o play no vídeo abaixo para ver as delicadezas do "cafofo fofo" em movimento, rsss… Ahhh e não deixe de conferir a seleção de produtos feita pela Patrícia AQUI.
Alexandre Guedes | Julia Herman
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