Fotos: Denilson Machado, MCA estúdio / Divulgação
Este apartamento vintage cheio de personalidade é o novo lar da arquiteta Guta Louro, em Austin, no Texas. Em seus 96m², o apartamento aposta no mix de estilos, com móveis escolhidos a dedo pela arquiteta, garimpados em antiquários, feirinhas, sites e redes sociais americanas.
Por ser alugado, a solução foi explorar a decoração dos ambientes para evitar reformas estruturais. O resultado não poderia ser melhor: além de traduzir a personalidade artística e estilosa de Guta em sua composição, também conta com verdadeiros achados, como o sofá modelo Gondola, criado por Adrian Pearsall em 1970. Outros móveis foram ainda personalizados pela arquiteta, como as cadeiras de jantar Cesca, de Marcel Breuer, originais dos anos 1960 e que tiveram os assentos estofados com peles de cabra que a arquiteta comprou em uma feirinha na cidade Round Rock, no Texas.
Com tantas histórias e lugares reunidos em um só apartamento, o novo lar de Guta Louro transmite o charme da década de 1960 sem deixar de lado seu estilo jovial e divertido. Uma combinação única que com certeza vai te surpreender e inspirar! Você pode ver a visita completa ao apartamento de Guta no nosso canal do Youtube, e aqui no blog uma conversa com a arquiteta sobre os principais pontos do projeto.
Ah! E vale a pena também conferir a visita que fizemos ao antigo apartamento de Guta Louro quando ela ainda morava em Nova Iorque, em 2020, é só clicar aqui.
Aperte o PLAY para ver mais detalhes:
Casa de Valentina: Qual é a história do projeto?
R: Apesar de ser apaixonada por Nova Iorque, a cidade se tornou o pior lugar para viver nos EUA durante a pandemia – vazia, suja e perigosa. Com clientes escassos e o contrato de aluguel por vencer, e ainda sem saber por quanto tempo a pandemia se estenderia, Guta resolveu buscar uma nova cidade para viver, onde pudesse ter não só melhor qualidade de vida como também vislumbrar novos projetos. “Viajei para o Texas algumas vezes com meu namorado, que é de Houston, e, ao acompanhar as notícias de lá, percebi que Austin poderia ser um excelente lugar para chamar de lar. Pouco tempo depois, fiz as malas e mandei minhas coisas para cá, mesmo sem ter um endereço definido”, conta ela, que, depois de visitar muitos prédios, alugou um apartamento de quarto-e-sala, com sala grande, perfeita pare receber em casa. “A intenção inicial não era ficar em Austin, apenas aproveitar uma cidade nova enquanto a pandemia dominava Nova Iorque. Seis meses depois, cá estou, feliz da vida”.
C.V: Quais foram as reformas feitas?
R.: Por ser um apartamento alugado, não houve modificações na planta, que, inclusive, é muito bem resolvida, segundo a arquiteta: “Se fosse um imóvel próprio, eu apenas mudaria de lugar a porta de acesso ao banheiro, trocaria a cozinha e arrancaria o carpete do quarto”.
C.V: Quais foram as principais inspirações para o projeto?
O projeto é um coletivo de histórias da moradora, uma mistura cultural, uma junção de cores e texturas que compõe um espaço alegre e receptivo. Ele segue um estilo Boho chic, que traz de volta o charme da década de 60, porém sem simular a era hippie. Estar no Texas também serviu de inspiração à arquiteta. Como ela sempre apreciou a cultura cowboy, alguns elementos regionais foram incorporados ao projeto.
C.V: E como foi escolhida a decoração?
No que se refere à decoração, todas as obras de arte foram trazidas do endereço anterior e os móveis foram deixados para trás. “Decidi vender e doar tudo para criar um lar que representasse melhor minha atual fase de vida”, conta Guta. O sofá verde, por exemplo, é o modelo Gondola, criado por Adrian Pearsall em 1970, encontrado no Instagram de loja de móveis vintage, em Nova Jérsei. A luminária ao lado dele é, na verdade, um chapéu africano, comprado em uma feira de antiguidades no Texas, à beira da estrada, enquanto sua base foi garimpada em Austin, em uma loja chamada Revival Vintage. De 1960 e também assinado por Adrian Pearsall, o outro sofá, com mesas laterais acopladas, foi adquirido em uma loja vintage na Carolina do Norte. As cadeiras de jantar Cesca, de Marcel Breuer, são originais dos anos 1960 e tiveram os assentos estofados com peles de cabra que a arquiteta comprou um uma feirinha na cidade Round Rock, no Texas. A mesa de jantar, antes marrom escuro, foi pintada em tom nude para não pesar visualmente no espaço. Ainda na sala, o pequeno móvel rosado, em Trencandís (técnica que consiste na criação de uma espécie de mosaico com pedaços irregulares), também foi comprada em Round Rock para fazer par com o quadro do artista Charles Fazzino. A poltrona Luna, em couro, é uma criação do designer Odd Knutsen de 1970 e foi arrematada em um site americano chamado Chairish, que reúne antiquários e pequenos vendedores de peças vintage. O biombo japonês antigo, posicionado atrás da cabeceira da cama, veio de uma feira em Round Top. “Como ele estava empenado demais e não consegui deixá-lo de pé, coloquei atrás da cabeceira que ganhei de um antiquário local, chamado Room Service Vintage”, lembra ela. As mesas de cabeceira orientais, em laca preta, também vieram do antiquário Revivel Vintage, em Austin. Já a máquina de chiclete sobre a mesa lateral da sala estava abandonada na casa onde o namorado da arquiteta cresceu.
C.V: Como foi feita a escolha da paleta de cores?
As três cores predominantes são tonalidades quentes (uma combinação de vermelho, verde e azul) que a arquiteta adora e gosta de explorar em seus projetos pelas inúmeras sensações provocadas por cada uma delas. O papel de parede da maior parede da sala, por exemplo, imita a técnica limewash, assumindo um tom que parece ser uma mescla entre os azuis encontrados na sala e o vermelho do tapete.
C.V: O que você destacaria sobre a casa?
O destaque na sala de estar são os dois tapetes sobrepostos. Um deles é um Beni Ourain marroquino, também vintage, em perfeito estado, comprado pela arquiteta diretamente com um fornecedor do Marrocos. “Como ele chegou com as medidas erradas, resolvi comprar outro tapete no tamanho certo para sobrepô-los. No final, achei que ficou mais interessante, com mais personalidade”, avalia Guta Louro.
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