Fotos: Mariana Orsi/ Divulgação
Neste Open House trouxemos um apartamento extremamente funcional, divertido e inovador! O projeto foi pensado pela Jennifer Maropo do JEMA Studio, que também é a proprietária e mora lá com seu namorado Renato Carneiro, que é publicitário. O resultado dessa fusão resultou em espaços com muita personalidade.
Conheça esta residência e se inspire. Aperta o PLAY:
Casa de Valentina: Quais foram suas principais fontes de inspiração para planejar o apartamento?
Jennifer Maropo: A nossa história certamente foi a maior inspiração. Costumo dizer que todas as pessoas possuem um infinito particular a ser descoberto antes de nós, arquitetos, iniciarmos um projeto. E quanto mais envolvidos estivermos com essas informações, mais emocionantes, autênticos e funcionais serão os espaços projetados.
No caso do nosso apartamento foi ainda mais fácil, pois eu que o projetei, então o sentimento foi como o de contar a nossa própria história, trazendo elementos e memórias do nosso passado, personalidade e rotina do nosso presente e desejos e perspectivas para o nosso futuro. E foi assim que nasceu o apartamento JERE ♡.
CV: Acredito ser possível dizer que o apartamento é a síntese perfeita entre o amor pela cidade e a necessidade de se cercar por natureza. Afinal, o apê tem desde elementos bem urbanos e industriais até grama sintética e papel de parede com estampa natural. Isso foi um fator pensado?
Jennifer: Achei muito curioso você chegar a essa conclusão, pois apesar de eu não ter pensado o projeto seguindo esse conceito, ele acabou se concretizando de uma maneira bem orgânica.
Eu e o Carneiro (Renato) somos apaixonados por São Paulo, mas como bons paulistanos, sabemos e sentimos como essa energia frenética nos esgota. E daí veio o desejo de “despressurizar”. Sentar no chão de grama (ainda que sintética) e cuidar das plantas pela manhã. Além disos, fazer um som depois do almoço antes de voltar para a próxima reunião e imergir na banheira no final do dia. Tudo isso faz parte da nossa rotina de fuga da ansiedade que vivemos, principalmente hoje em tempos de pandemia.
CV: Além da decoração, uma coisa que chama a atenção é a versatilidade dos ambientes. Você acredita que isso seja algo imprescindível para apartamentos em cidades como São Paulo?
Jennifer: O ser humano é inconstante. Estamos em movimento o tempo todo (ainda que dentro de casa) e acho importante pensar possibilidades que permitam esta inconstância em todos os lugares.
Você pode não ter o costume de receber pessoas na sua casa, mas e se você receber? Qual é o seu plano B para aquele dia de jogo do Brasil na copa do mundo, que um monte de gente começa a chegar no seu apartamento e você nem sabe como isso aconteceu? rs
Acredito que projetar espaços que possam se adaptar a mudanças, e criar mobiliários que possam ser utilizados de múltiplas maneiras é importante, além de super divertido.
CV: Qual é o estilo preferido de vocês no que diz respeito ao design?
Jennifer: De uma maneira geral, considero que somos contemporâneos, mas claro, o estilo contemporâneo aplica muitas referências que deram certo e ainda funcionam hoje em dia.
Eu adoro a Bauhaus por exemplo, mas também somos entusiastas do universo surf e skate, gostamos de moda e viajamos sempre que podemos. Assim, vamos compilando esse montão de informações que consumimos e fazemos este nosso estilo “ziriguidum” no apartamento, rs.
CV: Agora uma pergunta mais difícil rs. E quais arquitetos você se inspira?
Jennifer: Essa é realmente bem difícil porque eu gosto de muitos, mas vou tentar resumir.
Meus professores certamente são minhas maiores inspirações, pois foram eles que me conectaram com esse universo e me fizeram arquiteta!
Carlos Antunes, Orpheu Zamboni, Álvaro Puntoni, Maria Helena Flynn, Minoru Naruto, Marcus Lima e Volia Regina, que além de serem grandes arquitetos, lecionam com a consciência que deve ser preservada na arquitetura e no urbanismo.
Sobre o meu arquiteto favorito? Vilanova Artigas foi um gênio e eu “babo” demais na genialidade dele.
Sobre um arquiteto que sempre busco referências para projetar? Diego Revollo. Os projetos contemporâneos dele são lindos e o escritório é bem solícito. Já liguei para tirar dúvida sobre um projeto deles e eles foram muito gentis.
Aliás, fica aqui meu convite aberto: Arquitetos, sejam colaborativos com quem pede informações e principalmente com quem está começando! Isso faz com que as pessoas se encantem ainda mais pelo trabalho de vocês!
CV: Qual foi o maior desafio nesse processo?
Jennifer: Preciso assumir o ditado “casa de ferreiro, espeto de pau”. Enquanto a obra da minha cliente na época corria fluída e dentro do prazo o apartamento JERE estava atrasado e trocando de fornecedores. Obra é um desafio e tanto.
Acho que o que eu mais escutei(e escuto) é que “não vai dar certo” fazer o que projetamos.
Mas sempre sento, explico, simulo e desenho na parede, rs (se removerem as placas do painel de São Paulo vão encontrar um monte de rabiscos de canetinha na parede).
Não fazia sentido para o nosso serralheiro, por exemplo, pendurar a mesa no teto quando ele poderia simplesmente apoiá-la no piso. Mas depois que fica pronto é uma festa! Eles me pedem foto de como ficou e aí sempre escuto “você tem umas ideias meio doidas, mas fica legal”.
É um projeto mais bonito do que o outro; assim a gente não aguenta… Muitos parabéns, Lucila!