Gustavo Neves, Casa Sumê com Cosentino – CASACOR SP 2019
05 jun, 2019 | Mostras, Cidade
O ambiente assinado pelo Gustavo Neves para a CasaCor SP 2019 é a Casa Sumê. O espaço foi inspirado na ancestralidade, a memória milenar inscrita no inconsciente dos povos, seus modos e costumes, tradições e conhecimentos, são características que se reproduzem nas histórias e se manifestam fisicamente na cultura.
Para a construção, Neves fez uso de dois métodos construtivos completamente ecológicos, o Straw Bale, comumente usados em construções naturais, que usa fardos de palha como elemento de vedação, tendo em vista a natureza renovável do material com alto valor de isolamento térmico, acústico e retardante ao fogo. E a técnica da terra ensacada, chamada de superadobe, um processo no qual sacos de ráfia são preenchidos com solo argiloso e moldados no próprio local.
É um espaço conectado que exalta a real sustentabilidade em todos os seus pilares: social, econômico, ambiental e no possível pilar cultural.
Na entrada, o visitante consegue captar a carga emocional presente no espaço. O jardim, com plantas típicas da Caatinga, é assinado pelo paisagista Daniel Nunes e percorre toda a construção envolvida por espelhos d’água com borda infinita que, em diversos níveis deságuam uns sobres os outros, formando patamares em movimento.
Toda a textura dos muros e algumas paredes externas são feitas com terra e resíduos gerados a partir da construção civil e representam o chão de terra craquelado do sertão brasileiro. Apenas dois elementos, a parede da fachada revestida de piaçava de vassoura e um mural de fardos de feno aparente, não foram revestidos, mostrando os materiais em sua forma original.
Ainda no jardim, uma passarela em pedra natural brasileira leva a um dos destaques do projeto, a porta feita com esculturas de ex-votos, que é o presente dado pelo fiel ao seu santo de devoção em consagração, renovação ou agradecimento de uma promessa, muito comum no nordeste brasileiro. O arquiteto utilizou 105 dessas esculturas em toda extensão, que representam 105 curas.
Em todo seu interior, as paredes e forros da casa são revestidas com tecido de algodão cru reciclado, como um papel de parede, que recebem textura orgânica, de uma linha de revestimentos assinadas pelo arquiteto. O sofá, desenhado do escritório, feito em pele de avestruz e camurça natural com apliques em bronze moldados também pelo arquiteto. E o granito da Cosentino, Cygnus e Ice Blues, a pedra natural é utilizada na bancada e no mobiliário.
Fotos: Salvador Cordaro fotografia.
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